Sebastian Vettel protagonizou um verdadeiro conto de fadas no fim de semana do GP da Itália de 2008, disputado em Monza. Ao vencer com um Toro Rosso, depois de largar na pole position, o alemão pulverizou, em uma só prova – a 22ª da carreira -, dois recordes de precocidade, que até então pertenciam ao espanhol Fernando Alonso: o de piloto mais jovem a sair em primeiro num grid, e o mais jovem a triunfar numa etapa do Mundial (este último, foi batido em 15 de maio de 2016, após Max Verstappen vencer o GP da Espanha, em Montmeló, a bordo de um Red Bull).
Depois daquele 14 de setembro de 2008, a categoria máxima do automobilismo nunca mais pôde ignorar o germânico. Aos 21 anos, 2 meses e 12 dias, Vettel escreveu um belo capítulo da história da Fórmula 1. Foi a primeira vitória de Seb, e a primeira (e possivelmente a única) da escuderia italiana. Para recordar esse momento, tomei a liberdade de reproduzir texto escrito por mim à época, e publicado de forma editada em 15 de setembro de 2008, pelo jornal A Tribuna, de Santos. O título sugerido (e que não foi publicado) era profético: “Vettel, um novo gênio”. Da mesma forma, o fim da matéria (esse sim, colocado na página): “Os italianos se deleitaram com um garoto que, independentemente do que fizer daqui para frente, se eternizou na Fórmula 1. Ontem, Vettel foi genial”.
Abaixo, eis o material na íntegra. Boa leitura!
A Fórmula 1 viu ontem o despertar de uma nova estrela. Sebastian Vettel assombrou o circo ao vencer o GP da Itália a bordo de um modesto Toro Rosso. Aos 21 anos, 2 meses e 12 dias, o alemão se tornou o piloto mais jovem a ganhar uma corrida na história da categoria (nota do blogueiro: o recorde foi quebrado por Max Verstappen no GP da Espanha de 2016, em Montmeló – o holandês venceu com 18 anos, 7 meses e 16 dias).
A chuva que caiu sobre Monza igualou as forças. Quem tivesse mais habilidade dentro da pista molhada, se sobressairia. Dentro deste cenário, o germânico não deu espaço à concorrência. Dominou completamente a prova. Tudo isso a bordo de um carro que, há três anos, era o pior do grid.

Incrédulo, eis Vettel ao lado de Dietrich Mateschitz: austríaco levou o piloto para a Red Bull em 2009
No fim de 2005, a Red Bull, em sociedade com o ex-piloto Gerhard Berger, comprou a famigerada Minardi. À época, a equipe de Giancarlo Minardi figurava assiduamente nas últimas colocações (nota do blogueiro: a última apresentação do time italiano ocorreu no GP da China de 2005, em Xangai). Com o investimento de Dietrich Mateschitz e contando com a experiência de Berger como diretor esportivo, a Toro Rosso deixou de ser nanica.
Nascida para ser um time satélite da Red Bull, a escuderia de Faenza se fixou no pelotão intermediário (nota do blogueiro: antes de vencer Monza-2008, o melhor resultado de Sebastian havia sido o 4º lugar no GP da China de 2007, em Xangai). Todavia, uma vitória estava longe dos sonhos de seus dirigentes. E ela veio graças ao trabalho eficiente da equipe e à competência de um piloto fenomenal debaixo de chuva.
Não foi a primeira vez que o garoto-prodígio escreveu seu nome pela sua precocidade. Vettel se tornou o mais jovem a pontuar numa etapa do Mundial. Em sua estreia na Fórmula 1, no GP dos Estados Unidos do ano passado, conquistou o 8º lugar a bordo de um BMW. Tinha então 19 anos e 349 dias (nota do blogueiro: a marca pertence a Max Verstappen, que conquistou o sétimo lugar no GP da Malásia de 2015, em Sepang, com 17 anos, 5 meses e 29 dias).
No sábado, anotou uma inesperada pole position em Monza, tornando-se o mais novo a largar na primeira posição de uma corrida. A surpresa da classificação se transformou uma ameaça real ontem. Com a chuva que despencou antes da prova, o alemão passou a ser real candidato à vitória.
Com a largada em movimento, Vettel manteve a liderança e disparou nas primeiras voltas. Seu principal adversário, Heikki Kovalainen, da McLaren, reconheceu a superioridade do piloto da Toro Rosso. “Não era possível vencer. Vettel esteve muito forte e foi impossível alcançá-lo”.
O garoto estava em êxtase com o incrível feito. “Foi maravilhoso. O carro não teve problemas, tínhamos uma boa estratégia e não encontrei nenhum problema desde a volta de apresentação até o pódio. Não vou esquecer hoje (ontem)”.
Vettel viu que a liderança não se tratava de sonho nas voltas finais. “No final da corrida, pensava: ‘ainda estou em primeiro! Como vai ser daqui para frente? Não temos mais pit stops, espero não ter problemas'”, disse. “Mas não deixei isso me pressionar”.
No final, os hinos da Alemanha e da Itália voltaram a ser tocados em Monza, para delírio dos ‘tifosi’. Dois anos depois da última vitória de Michael Schumacher no circuito, os italianos se deleitaram com um garoto que, independentemente do que fizer daqui para frente, se eternizou na Fórmula 1. Ontem, Vettel foi genial.