Buenos Aires, 13 de janeiro de 1980. Naquele domingo, o Autódromo Oscar Galvéz recebeu o GP da Argentina de Fórmula 1. A prova marcava a abertura daquela temporada, que trazia algumas novidades. Uma delas foi a estreia de Keke Rosberg na Fittipaldi. Destemido, o finlandês deu mostras de seu arrojo no circuito portenho e obteve seu primeiro pódio na carreira.
Para entender a façanha de Rosberg, é necessário retornar para 1979. No fim daquele ano, a Fittipaldi comprou a equipe Wolf, vencedora de três GPs em 1977, e herdou toda a sua estrutura e profissionais, como o novato Keke, o promissor projetista Harvey Postlethwaite e seu assistente, um certo Adrian Newey. Os novos F7, construídos sobre a base dos Wolf de 1979, seriam pilotados pelo finlandês e pelo bicampeão Emerson Fittipaldi.
Rosberg chegou na escuderia brasileira louco para mostrar serviço. Afinal, pela primeira vez iniciaria uma temporada na Fórmula 1. Em seu ano de estreia (1978), perambulou pelas fracas Theodore, ATS, além da própria Wolf, escuderia que defenderia em 1979. Porém, a Wolf já estava em sua fase decadente na Fórmula 1, e Keke passou dois anos sem marcar pontos. A temporada 1980 selaria o destino do finlandês na categoria.
Logo na primeira prova da temporada, veio a comprovação. Em Buenos Aires, Rosberg impressionou desde os treinos. Para se ter uma ideia, seu melhor tempo nos treinos oficiais foi de 1m46s97, impressionantes 2s5 mais veloz que Emerson (1m49s42), o célebre campeão e dono da equipe. O finlandês alinhou seu Fittipaldi na 13ª posição, enquanto o brasileiro largaria na 24ª e última colocação do grid.
Na largada, Rosberg saltou bem, subindo para a nona posição. Na volta 2, Keke ultrapassou um estreante, um certo Alain Prost (McLaren), e assumiu o oitavo lugar. Na volta 4, foi a vez do finlandês da Fittipaldi superar Mario Andretti (Lotus) e figurar na sétima posição. A partir dali, Keke passou a acompanhar o ritmo da dupla da Ferrari, Jody Scheckter e Gilles Villeneuve, justo a parceria campeã do ano anterior. Sinal de que o ritmo era bom.
Com o abandono de Carlos Reutemann (Williams) na volta 12, o piloto da Fittipaldi figurou no top 6. Entretanto, duas passagens depois, Rosberg foi superado por Riccardo Patrese (Arrows). O finlandês só retornou ao grupo dos seis primeiros quando o italiano abandonou com problemas no motor de seu Arrows, na volta 27.
A partir daquele momento, a confiabilidade da Fittipaldi foi testada. Os adversários iam caindo um a um. A começar por Jacques Laffite (Ligier), então líder da prova, teve o motor Ford quebrado na volta 30. Seis voltas depois, Villeneuve escapou da pista e também abandonou. O companheiro de Gilles, Scheckter, teve problemas em seu propulsor e deixou a etapa portenha.
Sem Laffite, Villeneuve e Scheckter, Rosberg assumiu o terceiro lugar na volta 46 para não mais perdê-lo. Foi o primeiro pódio de um piloto finlandês na história da Fórmula 1, e o segundo da história da Copersucar-Fittipaldi. A vitória ficou com Alan Jones (Williams), e Nelson Piquet (Brabham) ficou em segundo.
A boa forma de Keke não se resumiu ao GP da Argentina. Ela seria constante durante toda a temporada de 1980, a ponto de levar um desmotivado Emerson Fittipaldi à aposentadoria, no final daquele ano.